É um exame de diagnóstico que permite medir os volumes respiratórios, isto é, a quantidade de ar que entra e sai dos pulmões, sendo muito útil para avaliar o funcionamento dos pulmões.
O que é exame de espirometria?
Paciente realizando exame de espirometria num espirômetro de mesa.
O exame de espirometria é um teste que avalia a capacidade pulmonar do paciente.
Ele quantifica o volume de ar que a pessoa é capaz de inspirar e expirar durante a respiração.
Em outras palavras, mede a quantidade de ar que entra e sai dos pulmões, além da velocidade com que isso ocorre, o que se chama de análise dos fluxos.
É também conhecido por outros nomes, como prova de função pulmonar, prova ventilatória ou teste do sopro.
Este último faz referência ao modo como é realizado – paciente sopra em um tubo conectado ao espirômetro, aparelho que recebe e analisa as informações.
O exame é rápido (dura menos de 30 minutos), não invasivo, é indolor. Isso significa que não causa desconforto algum para o paciente.
Tanto é assim que é utilizado de forma bastante rotineira na pneumologia, como veremos a seguir.
Para que serve a espirometria?
A espirometria serve para avaliar a ventilação pulmonar, verificando possíveis anormalidades durante os movimentos de respiração do paciente.
Como já dito, o exame checa a quantidade de ar e também a velocidade com que é inspirado e expirado. Dessa forma, é usado para identificar possíveis doenças pulmonares restritivas ou obstrutivas.
No próximo tópico, irei falar com mais detalhes sobre essas doenças. Antes, porém, é importante entender por que a espirometria atua na detecção delas.
O que acontece é que a quantidade de ar, movimentada durante um ciclo respiratório, é um elemento decisivo para atestar a saúde pulmonar.
Na espirometria, ela é medida durante um determinado período de tempo, permitindo verificar se o órgão cumpre ou não as funções de ventilação que se esperam dele.
O sinal de alerta é ligado quando há alteração entre os valores medidos e aqueles considerados como referência para um determinado grupo de indivíduos, que variam em idade, altura, peso e até etnia.
Quando isso ocorre, é necessário realizar uma investigação mais aprofundada sobre a possibilidade de existência de alguma doença.
Quais doenças precisam do exame de espirometria para tratamento ou monitoramento?
Alterações na função pulmonar podem ser originadas por doenças diferentes.
A que mais afeta os resultados em um exame de espirometria é a DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica), uma condição perigosa que pode evoluir de uma bronquite ou enfisema pulmonar.
Depois dela, vale citar a asma brônquica, uma doença inflamatória brônquica, que pode ter origem em diferentes tipos de alergia (envolvendo pelos, poeira, fumaça, medicamentos, etc.).
A fibrose pulmonar, por sua vez, resulta no endurecimento, estreitamento ou mesmo na redução progressiva no tamanho do pulmão, o que costuma ser resultado de uma cicatriz, que pode ter diversas causas. Alguns exemplos são a fibrose pulmonar idiopática e a pneumonite por hipersensibilidade.
Mas a espirometria não tem apenas função diagnóstica, como também é bastante eficaz no monitoramento e prevenção de doenças.
Basta lembrar do seu apoio na saúde ocupacional, sendo um instrumento obrigatório para avaliar trabalhadores expostos a poluentes e partículas potencialmente nocivas.
O mesmo vale para atletas e outros grupos que desejam ou necessitam medir a função pulmonar com certa frequência.
Também fumantes e ex-fumantes, em consultas com um pneumologista, têm na espirometria um exame de rotina.
Como fazer o exame de espirometria
Criança realizando espirometria portátil
Durante o exame, o paciente permanece sentado, em posição confortável, sem que se sujeite a qualquer tipo de esforço.
Um clipe nasal é posicionado sobre o nariz, de modo a impedir a passagem do ar por suas narinas.
Há um tubo com bocal descartável, conectado ao espirômetro (aparelho que recebe e analisa os resultados). Esse tubo é posicionado junto à boca do paciente e é por ali que ele sopra.
De início, ele deve respirar normalmente.
Depois, deve encher o pulmão e soprar com força e rapidez – tão rápido e forte quanto for possível para ele.
Esse movimento deve ser realizado por pelo menos seis segundos, até que esvazie por completo os pulmões. São obtidos pelo menos 3 gráficos aceitáveis e reprodutíveis.
O exame pode ser repetido na sequência, desta vez com a aplicação de uma medicação broncodilatadora, normalmente por spray.
O que ela faz, como o nome indica, é dilatar os brônquios, qualificando o fluxo de ar em uma ação rápida.
Essa versão do teste é chamada de espirometria com broncodilatador.
Como você deve imaginar, seu uso se destina a aprofundar a investigação sobre possíveis doenças pulmonares.
Para tanto, é imprescindível saber como interpretar espirometria.
Espirômetro indica como interpretar espirometria
O espirômetro transmite as informações para o computador
Conforme o exame é realizado, o espirômetro já apresenta informações sobre a capacidade pulmonar do paciente.
Veja agora detalhes sobre algumas elas no momento de saber como interpretar espirometria.
Capacidade vital (CV) também indica como interpretar espiromtria
A CV se refere ao maior volume de ar mobilizado na expiração.
Capacidade vital forçada expiratória (CVF)
A CVF representa o volume máximo de ar exalado com esforço máximo, o que se dá a partir do ponto de máxima inspiração.
Volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1)
A VEF1 indica o volume de ar que é exalado no primeiro segundo durante a manobra de CVF.
Relação VEF1 / CVF
O diagnóstico de distúrbio obstrutivo é obtido a partir da razão entre as duas medidas. O resultado depende de equação que é determinada conforme o paciente.
Fluxos expiratórios
Envolve diferentes parâmetros, como o fluxo expiratório forçado máximo ou pico de fluxo expiratório, que representa o fluxo máximo de ar durante a manobra de CVF.
Também o fluxo expiratório forçado médio (FEF 25-75%), indicando um parâmetro obtido durante a manobra de CVF.
Como interpretar espirometria
Médicos interpretando espirometria registrada em papel
Antes de explicar como interpretar espirometria, é importante registrar os resultados possíveis no exame.
São cinco possibilidades ao ver como interpretar espirometria:
- Exame normal
- Distúrbio ventilatório obstrutivo (leve, moderado ou grave)
- Distúrbio ventilatório restritivo (leve, moderado ou grave)
- Distúrbio ventilatório misto (com detecção de anormalidade obstrutiva e restritiva)
- Exame inespecífico (há presença de anormalidade ventilatória, porém sem elementos para identificar obstrução ou restrição de forma clara).
- Tais conclusões são obtidas inicialmente com um relatório gerado pelo espirômetro.
Além dos valores numéricos, o documento apresenta o desempenho do paciente no exame na forma de gráficos de volume-tempo e de fluxo-volume.
Você verá nele a morfologia de curvas expiratórias e inspiratórias, que é o que qualifica a interpretação dos resultados.
A partir delas, é elaborado um laudo que verifica a presença e o tipo de distúrbio ventilatório, detalhes sobre os fluxos expiratório e inspiratório, além da possível resposta ao broncodilatador.
Esse laudo leva em conta valores de referência, sobre os quais vou discorrer agora.
Valores de Referência: como interpretar espirometria
Como já comentando, os valores de referência na espirometria variam conforme a idade do paciente, seu peso, altura e etnia.
Não há como interpretar espirometria corretamente sem levar todos esses fatores em conta.
Vamos ver, então, quais são os valores normais e também aqueles que identificam anormalidade no exame.
Padrão Normal
O nome já é autoexplicativo. A espirometria normal indica que os resultados apurados estão dentro dos valores de referência para um paciente sem doença respiratória.
Ou seja, ele é definido como normal na comparação com as equações válidas para o mesmo perfil que o seu, considerando todos os fatores que mencionei antes.
Padrão Obstrutivo
- VEF1/CVF < Limite Inferior (LI)
- VEF1 e fluxos geralmente reduzidos
- Se há um distúrbio ventilatório obstrutivo, liga-se o sinal de alerta.
Isso acontece quando os valores obtidos de VEF1/CVF e VEF1 aparecem reduzidos.
Também há obstrução quando existe redução da razão VEF1/CVF% em sintomáticos respiratórios, ainda que haja VEF1 normal.
Em caso de razão VEF1/CVF% limítrofe, uma redução de Fluxo Expiratório Forçado (FEF) 25-75% ou outros fluxos terminais são indicativos de obstrução em sintomáticos respiratórios.
Padrão Restritivo
- VEF1/CVF > Limite Inferior (LI)
- CVF < LI
- FEF 25-75%/CVF > 1,5 – com fluxos supranormais, considerando paciente com diagnóstico esperado de restrição.
Quando um padrão restritivo é identificado, temos aí sinais de que há redução da capacidade vital (forçada ou não), redução da VEF1 e do Índice de Tiffeneau normal, o qual resulta da relação VEF1/CVF.
Padrão Misto
- VEF1/CVF < Limite Inferior (LI)
- CVF < LI
Além disso, há três situações possíveis com base na diferença entre os percentuais previstos de CVF menos VEF1:
- geralmente a diferença em percentual entre o VEF1 e a CVF é <12%
Como o nome indica, esse resultado aponta para a presença de processo obstrutivo associado à restrição.
Frequentemente, é um resultado que requer a medição da CPT, a capacidade pulmonar total.
Classificação dos distúrbios
Veja na tabela abaixo como os distúrbios obstrutivos e restritivos são classificados em leve, moderado ou grave.
Distúrbio | Obstrutivo | Restritivo |
GRAU | VEF1 (% do previsto) VEF1/CVF (%) | CVF (% do previsto) |
Leve | 60-LI | 60-LI |
Moderado | 41-59 | 51-59 |
Grave | < 40 | < 50 |
Conclusão
Paciente soprando no bocal de um aparelho de espirometria
Conversamos neste artigo sobre como interpretar espirometria, um exame fundamental para avaliar a saúde pulmonar.
Apesar de simples, é um teste que pode facilmente induzir ao erro se não passar pela análise de um profissional habilitado, que no caso é o médico pneumologista.
A minha experiência tem mostrado que não vale a pena arriscar, dispensando a interpretação pelo especialista em nome de uma alegada economia.
Por outro lado, também não é necessário investir pesado em equipamentos, cursos e mesmo na contratação de um médico responsável pelos laudos.
Tudo pode ser resolvido à distância, com segurança e praticidade, por um custo que cabe no seu orçamento.
Fonte: Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
CRM: 20142/RS
Diretora Técnica:
Ana Silvia Milhazes ZanonCRM 7477/SC